24.4.24

prisma

 nossos olhos se encontraram brevemente

[o suficiente você diria?

meu corpo se arrepiou sem seu toque,

um vazio indelével, 

semanas nubladas demais.

um caminho em linha reta,

distante do seu abraço,

mais perto do abismo.

11.4.24

A cor dos dias

Olho pela janela enquanto cai uma chuva leve. 
Sinto você se aproximando devagar. 
Um carinho singular pelos cabelos 
E esqueço o horizonte. 
Seu olhar calmo 
Acelera meu coração. 
Sua voz suave me distrai 
Do barulho do mundo. 
Me perco em suas palavras, 
Por um instante os significados se misturam 
E me vejo sem saber o que dizer. 
Seu sorriso doce me devolve a normalidade,
Preenchendo as memórias
Com cores vibrantes. 
Enquanto segura minhas mãos,
Prevejo a melodia agradável dos nossos dias. 

25.8.23

identidade

o cheiro da maresia me alcança 

(repentinamente)

enquanto organizo as lacunas 

[e os pensamentos dispersos pelo ambiente

o conforto na desarmonia perdura por tempo demais

deixo as cores do pôr do sol

[invadirem a sala 

mergulho na imensidão do meu ser

em busca de sintonia própria

25.8.22

Cotidiano

O entardecer se vai em um instante
Mal consigo distinguir suas cores esmaecidas
Minhas lágrimas caem
[constantemente]
Por sua beleza 
Tão breve e intensa 
No nosso próximo encontro 
Fecharei os olhos 
Ao roubar seu beijo 

28.10.21

De maremotos

Leio um livro qualquer
Sem distinguir palavra alguma. 
A memória dos teus dedos
[se enrolando nos meus cabelos] 
Turva a existência. 
O pensamento se rebela, 
[desanda sem desculpas. 
Um suspiro escapa
- Rotina de imaginação desenfreada. 
Mãos em ritmo de música
Em meio ao silêncio
Dos teus olhos sorridentes. 

6.12.20

monólogo previsto

as paredes não são altas o suficiente
[para conter o vazio.
pensamentos soltos fogem pelas janelas
- encontram flores pálidas, insanas.
dedos longos procuram qualquer distração,
sem ânimo ou intensidade.
uma brisa suave desvia o curso do tempo;
 tudo para sem aviso.

8.10.20

sobre fechar os olhos

relendo nossas antigas conversas,

um sorriso entristecido 

         [de uma alma cansada]

descreve sentimentos em conflito.

as entrelinhas perdidas pelas ruas vazias,

em vasta confusão de olhares.

o silêncio do outro lado ensurdece,

desnorteia ventanias,

desarmoniza universos.